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 Iminência




Encontrava-se enredada em melancolias tão densas que beiravam uma paranoia sutil — um temor que paralisava e dilacerava o peito em silêncio. Nas teias intrincadas de suas indagações sobre o que estaria por vir, repousava um receio que abraçava todos os seus almejos: o anseio de permanecer eternamente naquele gratificante período temporal.

O sono lhe escapava como o vento por entre frestas.
Os pensamentos circulavam em espirais densas, retornando sempre ao mesmo ponto — um lugar de dúvidas suaves, porém persistentes. Antecipava angústias, consciente de que o dia fatídico haveria de chegar.

Ainda assim, refugiava-se na cadência delicada da rotina que lhe trazia alento — um doce aconchego onde a felicidade preenchia os desejos do ser. Havia uma mágica trágica no simples ato de imaginar o fim daquele ciclo: bastava o pensamento para que um sofrimento velado se impusesse, mesmo sem conhecer os mistérios do porvir.

Sem palavras, aquela presença era um silêncio pensado, um conforto invisível, um abrigo na penumbra dos instantes perpetuamente satisfatórios.

E, diante daquele turbilhão de sensações, surgia uma gratidão que elevava a alma — sublime, serena, verdadeira. Da confluência desses sentimentos nascia uma saudade delicada, envolta no presente como um abraço terno, antes que ele, inevitavelmente, escorresse pelo tempo.

20/08/2025

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