O corpo inerte, enquanto lágrimas esvaziavam o amargor do último pôr do sol, memorizava todas as palavras inversas em conflito com o eu. Era outono, época em que as angústias costumavam perseguir seus instintos; temia ser a vítima, repetidamente. Nunca sentira a reciprocidade de um toque, até que um olhar profundo juntou os pedaços do que se entendia por sentimento — um beijo que jamais pôde esquecer.
Não ouvia mais o seu herói. Quis arrancar o próprio coração, já não suportando mais aquela dor, ainda com a aliança que os unia na mão direita. Jurou ser a última vez que se entregaria à estupidez. Os passos pesavam, necessitando repouso; o cansaço era visível. Queria se esconder no abismo mais escuro, encostar-se nos pensamentos mais sombrios ao ler as líricas — agora borradas de lágrimas — que mostravam toda a paixão encarnada de um ser que respirava emoções. Derramou todo o pranto que pôde, lastimando o abandono.
Insana, desistiu de amar. Decidiu deixá-lo ir, sem formas de entender o porquê. Despediu-se, e aquela foi a última vez em que viu olhos de amor.







2 comentários:
Perece música aos meus ouvidos. Adoro essa sua postura literária. Quero aprender a ser assim.
*_*
Lisonjeada!
Postar um comentário