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 Iminência




Encontrava-se enredada em melancolias tão densas que beiravam uma paranoia sutil — um temor que paralisava e dilacerava o peito em silêncio. Nas teias intrincadas de suas indagações sobre o que estaria por vir, repousava um receio que abraçava todos os seus almejos: o anseio de permanecer eternamente naquele gratificante período temporal.

O sono lhe escapava como o vento por entre frestas.
Os pensamentos circulavam em espirais densas, retornando sempre ao mesmo ponto — um lugar de dúvidas suaves, porém persistentes. Antecipava angústias, consciente de que o dia fatídico haveria de chegar.

Ainda assim, refugiava-se na cadência delicada da rotina que lhe trazia alento — um doce aconchego onde a felicidade preenchia os desejos do ser. Havia uma mágica trágica no simples ato de imaginar o fim daquele ciclo: bastava o pensamento para que um sofrimento velado se impusesse, mesmo sem conhecer os mistérios do porvir.

Sem palavras, aquela presença era um silêncio pensado, um conforto invisível, um abrigo na penumbra dos instantes perpetuamente satisfatórios.

E, diante daquele turbilhão de sensações, surgia uma gratidão que elevava a alma — sublime, serena, verdadeira. Da confluência desses sentimentos nascia uma saudade delicada, envolta no presente como um abraço terno, antes que ele, inevitavelmente, escorresse pelo tempo.

20/08/2025

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 Pulsar




Em meio a um período de ausência, surge uma saudade inquietante e, ao revisitar as memórias, percebe que, desde o primeiro contato, despertou um sentimento profundo — como o reconhecimento silencioso de almas que dançam no eterno reencontro das existências.

Um olhar que destila ternura. Uma voz serena que, suavemente, acalenta o espírito. Um gesto levemente desajeitado, repleto de um charme singular, imprime à sua presença um selo único e memorável. Uma inteligência de fascínio natural firma a essência de seu magnetismo sedutor — um sopro discreto que alimenta suas inspirações.

A cada troca fugidia de olhares, arde, em silêncio, um desejo crescente de um encantamento sutil, um sortilégio invisível entrelaçando os sentidos.

Tem plena consciência das inviabilidades que permeiam tal afeto — e, ainda assim, rende-se a ele com a serenidade de quem reconhece seu valor. Em tal sentir, encontra-se uma essência que a revigora, qual vento tenro da juventude que, invadindo o presente, lhe outorga leveza e um alento doce, perene.

Num breve interlúdio, liberta-se dos fardos silenciosos que a maturidade impõe, das inevitáveis exigências do tempo e dos ditames rigorosos da razão — navegando por um intenso querer, onde a alma se desprende, se eleva, suspensa entre o peso da realidade e a leveza do sonho.

Sensações outrora adormecidas ressurgem com suavidade, envolvendo uma doçura ancestral — como se renascesse no fulgor das paixões juvenis: ingênua, intensa, esplendorosamente viva.

Ao universo, oferece a mais íntima gratidão por ter tecido, em sua travessia, o improvável encanto dos encontros — centelhas imprevistas que reacenderam sua forma de existir.

29/07/25

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