A Morte não é Nada
Pacceli Gurgel
Permitam-me lamentar as atrocidades dos viventes
E suplicar às estrelas a concórdia dos pesares.
Acalantada pela noite, minha voz fraquejada canta o teu poema,
E as notas mostram-se sombrias e chorosas.
Os versos trazem a cadência dos teus pensamentos,
Sim, patentemente trazem!
Pensares veementes que se debruçam na fortaleza dos saberes,
Das vontades aclamadas, das inquietudes,
Das razões que se perdiam em cada sorriso mostrado.
Ao som das lamúrias, persiste quem se nega a aceitar
Os trâmites de um fato consumado,
E mesmo que as feridas sejam tocadas,
Ou que se pise em espinhos,
Se faz necessário prosseguir com o que lhe foi aconselhado.
A saudade se fará compreendida ao mostrar que as lembranças
Sempre hão de transcender qualquer amargor das despedidas.
Assim vive quem se permitiu adentrar em um mundo
De singularidades, e recebeu de lá a base
Para que a sua estrutura se tornasse inabalável.
Compartilhou anseios, gargalhadas, conselhos, lágrimas...
Envoltos a arte que era sumidade em suas vidas.
Isso é revelado por uma gratidão eterna!
Por essas preciosidades, preparo-me para voar
Levando ensinamentos de quem trazia vivências,
Que se dizia cheio de cicatrizes,
Um Albatroz "O Senhor das tempestades",
E que agora se encontra no descanso eterno dos justos,
Fazendo-me lastimar, profundamente,
A sua voz que se fez calar.