Festa junina do lado de cá
Em plena festividade épica dos enraizamentos tradicionais nordestinos, me pego degustando elevado índice de ociosidade com recheio de languidez e cobertura da tal sensibilidade dita pelo Zeca Baleiro lá em "Flor da Pele". Não que isso me seja de rara existência, pelo contrário, o meu interior possui a essência dos sentidos plangentes, que aqui e acolá atestam motivos de suas manifestações. Até prefiro que assim o seja! Introspectivamente, são emoções saudáveis que me amadurecem mais um bocado. Talvez essa coleção de indisponibilidade pelo festejo junino seja causada pelo meu desejo de voltar às origens e pelo menos dançar o bom forró pé-de-serra, mas hoje o povo não quer mais saber disso, e não se tem mais disso por aqui. (Se tem ou terá, não chegou aos meus ouvidos.) Em se tratando do centenário do nosso grande Luiz Gonzaga, sequer estão fazendo juz ao legado que o rei do baião nos deixou. Isso é decepcionante. Sendo sincera, já faz um tempão que tento excluir esse período do meu calendário, pois se as festividades não estão lá bem ao meu gosto, tudo fica um porre. Não curto muito comida de milho, não suporto barulho de bombas, quero quebrar os paredões que passam tocando "Eu quero tchu, eu quero tcha..." ou "Tchê tcherere tchê tchê..." e seus derivados, e odeio o fogaréu por produzir a fumaça que irrita meus olhos, e pior ainda, por inflamar minhas amigdalas. Isso porque estou sentimental, meio que melancólica, imagina se não estivesse! Dessa vez, preferir ficar em casa não me salvou de tamanho infortúnio, pois esse festejo é interativo, mesmo que você não vá até ele, ele vem até você. Não tem como se livrar do barulho das bombas e da presença intrusa da fumaça. É o jeito suportar, pela boa nordestina que sou!
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